sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Aos livros, pessoas e saudades.

Eu não sou, nem de longe, das mais românticas, mas um dia eu chorei quando li o último parágrafo de um livro. Vou te contar que não era dos melhores, mas eu me apeguei à história, era um daqueles livros que você se coloca no lugar do personagem principal e acaba por fugir do que quer que esteja fora das páginas e, quando fecha o livro e deita a cabeça no travesseiro, continua pensando na história, e remoendo as palavras lidas e sendo aquele cara ou aquela mulher que está vivendo aquela vida tão maravilhosa e inacreditável. Você vira de um lado para o outro na cama, tenta fechar os olhos e se entregar ao sono, mas chega uma hora - cerca de dez minutos depois - que você já não consegue mais fingir que conseguirá adormecer, acende a luz e pega o maldito do livro e volta a lê-lo.
Voltando ao começo - lá quando eu disse que um dia chorei ao ler o fim de um livro - como eu disse, eu me apeguei a história. O final não era bonito, não era trágico, não era nada demais, era até um pouco meloso demais para o meu gosto, mas a questão aqui é que era o final. Fim. The End. Ende. τέλος. Fine. Fin. Como leitora ávida daqueles livros eu me senti na obrigação de xingar de muitos nomes a autora deles, que ela me perdoe.
Eu chorei de raiva, de indignação, de tristeza, de vazio. Droga, porque ela tinha que acabar ali? Como eu ia continuar fugindo para aquela maldita história? Não, ler de novo não é a mesma coisa.
São essas malditas boas histórias que te prendem e não te largam. Elas são como amantes cruéis que te envolvem sem sua permissão e silenciosamente te jogam em uma armadilha covarde em que você não pede para entrar, mas que você não quer sair.
Desde muito pequena crio esses laços com os livros e com as pessoas. Quando comecei a escrever, lembro-me que um professor sempre me dizia "Deixou a desejar na conclusão", o problema era que eu não queria concluir porque eu queria continuar vivendo aquilo, mergulhando de cabeça em cada palavra do texto como se eu não precisasse nunca voltar à superfície para respirar.
Isso é o que os livros - os bons livros - e as pessoas tem em comum, pelo menos para mim: eles chegam ao fim, eles te seduzem, te prendem, te envolvem, te atraem, te arrancam risos leves e gargalhadas, frios na barriga, amores, amizades, carinho, apreço, mas existe ali sempre a eminencia do fim e você não pode ignora-la. Uma hora o fim chega e o máximo que pode ser feito é fazer que tenha sido o tipo de história que deixará saudade e o tipo de fim que deixará aquele misto delicioso de porções equilibradas de boas e más emoções, que o fim te faça chorar, mas não por ser ruim, simplesmente por significar que acabou, mas não significar que todo o resto tenha sido em vão.

- Luna

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